domingo, 17 de janeiro de 2010

Saudade

Saudade

é como um bicho

que insiste em devorar

o coração de quem a sente.

Difícil dizer o tamanho e a espécie

do tal que insiste em incomodar, roer, mastigar.

Pior de tudo

é que saudade não tem cura,

não morre ou poder ser morta,

continua ali, crescendo

mastigando, roendo

fazendo doer o coração e até a alma.

Saudade de quem amamos,

de quem queremos por perto

e que mesmo quando vemos,

por minutos, horas, dias

ao viraemos as costas,

e nos despedirmos...

a saudade vem de novo

e recomeça a roer.

Bicho danado de dente doído!

Saudade, no fundo, no fundo

até que é boa de se ter,

porque saudade só temos

do que é bom,

de quem amamos,

do que nos fez bem.

Saudade do mal

não existe,

ninguém quer reviver

o mal que sentiu

e a dor que ele causou...

saudade só existe

quando mexemos nela,

coçamos daqui e dali

um pouquinho mais pro ladinho

e ela responde,

rói, roendo,

dói, doendo...

mas uma dor diferente

custosa, mas de força maior.

Saudade não acaba,

muda de lugar

insiste em remoer o coração

de quem a tem,

quem a contraiu

ao amar alguém

que nem sempre

está fisicamente perto.

Saudade na verdade

É cutucão de quem a sente

para não esquecer

que quem está longe,

está na verdade

dentro do coração

e da alma

de quem ama.

sábado, 16 de janeiro de 2010


Para começar o ano divido com vocês essa maravilha escrita pelo querido Mário Quintana!!!!


Os poemas

Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti.