quarta-feira, 21 de março de 2012

Quarta carta ao filho

Meu filho!

Hoje te escrevo para falar sobre valores, um tema que há tempos tenho batido com você.

O que são valores? São algo que adentra nossos seres e que não nascem conosco. Valores não são biológicos, não estão presentes nos genes e nem são transmitidos de pai para filho. Valores são adquiridos pelo convívio social, pelo cotidiano das pessoas e pelo contato com a família. Introjetar os valores significa mudar atitudes, deixar de lado aquelas que nos afastam deles, pois os valores se tornam uma espécie de segunda pele e tirá-la dói muito, agride e machuca. Por isso ao assumirmos valores nos transformamos para sempre!

Somente os homens podem desenvolver e aprender valores e é isso que nos torna tão especiais e diferentes. Valores não são iguais e por isso acabam entrando em conflito com os valores dos outros, trazendo dissabores e causando atritos.

Os valores diferenciam os seres humanos tornando-os especiais para aqueles que compactuam os mesmos valores, no caso aqueles que nos amam e nos deram tais valores.

Seguir ou não os valores ensinados e combinados é uma escolha individual que não pode ser feita por ninguém a não ser por quem os vive. Porém, ao pensarmos nas escolhas, devemos lembrar que são os valores que nos definem enquanto seres humanos e enquanto seres daquele convívio ou cultura. A quebra de valores significa a ruptura de laços que foram forjados em outros tempos.

Quando deixamos de lado os valores assumidos, perdemos nossas identidades e com isso deixamos de lado quem verdadeiramente somos. Quem é você? Quais valores o guiam? Primeiro você precisa se encontrar com seu íntimo para depois poder se encontrar com outras pessoas não é? Pense nisso!

Por serem particulares, ainda que oriundos da coletividade, valores nem sempre são iguais a de outras pessoas com as quais conviveremos pela vida afora: amigos, parentes, colegas entre outros. Por isso quando optamos por seguir os valores de família nem sempre os teremos compatíveis com os de outras pessoas, ainda que convivamos diretamente com elas. Daí advém a necessidade da escolha consciente sobre quais valores queremos seguir lembrando que não é possível seguir valores incompatíveis sem ferir um ou outro. Isso é viver! E seguir valores não quer dizer que não tenhamos que aprender a conviver com os valores dos outros. Isso é conviver.

A ausência de valores compromete relações múltiplas e afasta pessoas pois os mesmos valores que unem os seres podem ser a destruição dos mesmos quando cessam, deixam de existir ou se perdem em outros passos.

Quando os valores entram em colapso, falham, acabamos por perecer nos desvios das virtudes. Um sem número de desvios nos tornam diferentes daquilo que um dia fomos, dentro dos valores assumidos. Um deles, para citar apenas um, é o egoísmo! Egoísmo é a falta de capacidade de pensar nos demais, pensando apenas em nosso próprio bem estar. O egoísta não consegue pensar que suas atitudes, ou falta delas, ferem os valores de quem os ama e por estarem pensando apenas em si mesmos, esquecem que do outro lado, há quem pense neles preocupados com a condução dos valores que lhes são importantes. Seria como dizem alguns italianos “estando bem minha barriga...”.

Com tudo isso pergunto como se pode viver dentro de valores, escolher esses valores se algumas vezes nos esquecemos deles? Não consigo encontrar uma solução pois, se valores são nossa segunda pele, como podem ser esquecidos? Esquecemos aqueles valores que não se tornaram essa segunda pele e por isso não nos acompanham em todos os lugares.

Reflita sobre essas palavras e principalmente sobre os valores pois somente eles poderão realmente torná-lo um ser único, o ser único a quem emano o meu amor de pai.

Continuo te amando.

Um beijo,

Seu Pai!


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